terça-feira, 3 de agosto de 2010

A incontinência urinária

A Incontinência Urinária (IU) é uma condição que afeta grande parte da população mundial, especialmente a feminina. Nos Estados Unidos da América, aproximadamente 13 milhões de adultos já vivenciaram algum episódio de IU, entre os quais, 11 milhões (85%) são mulheres. Os problemas urinários não são consequências naturais da idade e tampouco, distúrbios exclusivos do envelhecimento (LOPES; HIGA, 2006).

A International Continence Society (ICS) recentemente alterou a definição de IU para “perda involuntária de urina em quantidade e frequência suficientes para causar um problema social ou higiênico”, valorizando com isso, a queixa do paciente (LOPES; HIGA, 2006).

As repercussões no estilo de vida das mulheres com IU são numerosas. Normalmente elas sofrem com transtornos físicos, econômicos, psicossociais, que levam a restrições das atividades no lar, perda da confiança em si, vergonha e medo de apresentar um episódio em público, evitando assim participar de eventos sociais com amigos e familiares, frustrações e limitações no desenvolvimento do trabalho profissional e disfunção sexual (LIFFORD, 2008). A principal restrição referida pelas mulheres com incontinência urinária mista e incontinência urinária de esforço foi relativa à atividade sexual, sendo que na incontinência urinária de urgência, foi mais frequente a restrição nas atividades sociais (DUARTE, 2007).

Apenas 5,8% das mulheres com IU procuram atendimento médico e, dentre estas, 47% consultam o clínico geral; 57% o ginecologista e 23% o urologista (LOPES; HIGA, 2006).

Com o aumento da perspectiva de vida das populações, haverá um número crescente de idosos e, conseqüentemente, o número de casos de IU poderá aumentar. Muitos deles não serão diagnosticados ou terão tratamentos insatisfatórios pela falta de queixa por parte da clientela e pelo despreparo dos profissionais de saúde na abordagem diagnóstica e terapêutica (LIFFORD, 2008).

Diante da constatação de que a incontinência urinária é um problema médico comum, com repercussões significativas no âmbito físico e psicossocial, e que sua incidência aumenta com o avançar da idade atingindo especialmente as mulheres, os profissionais de saúde deverão estar treinados para uma abordagem diagnóstica e terapêutica eficaz.

A avaliação inadequada e o diagnóstico incorreto da etiologia da incontinência urinária têm múltiplas consequências, sendo a mais séria a indicação de cirurgias inapropriadas ou mesmo desnecessárias. Procedimentos cirúrgicos repetitivos têm menores índices de sucesso progressivamente, além de maior risco cirúrgico e aumentada taxa de complicações pós-operatórias (INCONTINÊNCIA URINÁRIA, PROPEDÊUTICA, PROJETO DIRETRIZES, 2006).

O tratamento clínico da incontinência urinária deve ser considerado como melhor opção ao tratamento cirúrgico, na maioria dos casos, sendo necessária disposição e motivação das pacientes. Devem ser respeitadas as indicações e implicações deste tipo de tratamento e será necessária mudança de comportamento, seja por parte das pacientes ou da equipe médica, a fim de se atingir e manter os resultados obtidos.

Possibilitar ao idoso sentir-se parte de nossa sociedade, não basta apenas diagnosticarmos e tratarmos as grandes patologias. Cabe a nós profissionais de saúde ligados ao indivíduo idoso, estarmos atentos aos mínimos detalhes, mesmo que aparentemente insignificantes, pois o equilíbrio entre saúde e doença nesta fase da vida é tênue e a somatória de pequenas alterações, pode desencadear o início da debilidade, dependência física e isolamento social, como pudemos demonstrar neste caso.

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