segunda-feira, 14 de junho de 2010

Sozinhas, e sem medo do Dia dos Namorados

Em vez de ficar em casa, grupo de curitibanas aproveitará a data para exorcizar os relacionamentos mal-sucedidos e aprender a tirar o máximo da vida de solteira

No Dia nos Namorados, todos estão acostumados a ver casais apaixonados saindo para brindar o amor. Mas, para um grupo de curitibanas, a data será um meio de exorcizar antigos relacionamentos que não deram certo. Elas não sabem ainda a programação, mas a regra é se divertir no melhor estilo Sex and the City, seriado famoso mundialmente por narrar a vida de quatro solteiras bem-sucedidas no Estados Unidos. Na capital, fazem parte de um grupo de vivência chamado “Curtindo a vida de solteira numa boa” e se reúnem quinzenalmente para discutir como a vida sem um companheiro pode proporcionar autoconhecimento, crescimento pessoal e profissional.

A ideia de criar o grupo de vivência foi da ginecologista e especialista em sexualidade Ângela Lopes Carvalho. Ela explica que muitas pacientes se sentiam infelizes com a solidão e a médica viu que, ao compartilharem os problemas, enxergavam novas possibilidades. Nas reuniões elas discutem temáticas ligadas à autoestima, amizade, profissão, beleza e dividem os dilemas e alegrias. “A sociedade é muito exigente com a mulher. É como se a todo momento estivesse nos alertando que nosso prazo de validade está vencendo”, diz a médica.
Mesmo felizes momentaneamente com a solidão, boa parte das frequentadoras ainda quer encontrar alguém. Entre as participantes, há mulheres que nunca casaram, divorciadas e até casadas que passaram por crises e hoje discutem a relação com as colegas. A fisioterapeuta Rita Katia Scupino, 40 anos, ficou casada por uma década e se separou. Envolveu-se com novos relacionamentos que não deram certo e agora aprende a curtir a vida sozinha. “Minha maior dificuldade é que acredito muito nas pessoas. Mas quero alguém no futuro”, afirma.

A médica Juliana Doriqui, 29 anos, está há cinco meses solteira depois de cinco anos de namoro. “Estou aprendendo a ficar sozinha e ser feliz. Pude me redescobrir, fazer viagens, cursos. Hoje procuro a felicidade sozinha”, descreve. A maquiadora Rosi Braga, 36 anos, e a advogada Dalva Coelho, 40 anos, fazem parte do time que deixou a vida pessoal de lado para investir na carreira. A primeira está divorciada há oito anos e nesse período teve dois namorados. “Saí dos relacionamentos de cabeça erguida, mas foquei demais na profissão. Hoje quero aprender a resgatar um lado afetivo que não existe mais”, conta Rosi.

A idealizadora do grupo explica que na pauta das discussões há espaço para o debate sobre o papel que a sociedade determina a cada sexo. “Um homem de 50 anos geralmente procura uma pessoa mais nova. Qual o espaço que uma mulher da mesma idade tem para sair e conhecer alguém?”, questiona. Ela acredita que as próximas gerações não sonharão tanto com o “príncipe encantado”. “Brinco que já fomos para o espaço e nossos companheiros não sabem colocar o sabão na máquina de lavar”, diz.

Mudanças

A partir da década de 70, o mundo assistiu a uma verdadeira revolução no mundo feminino. As mulheres deixaram de ser, em sua grande maioria, exclusivamente donas de casa e entraram no mercado de trabalho. Mas, se por um lado, um novo universo se abriu, por outro elas passaram a enfrentar uma tripla jornada de trabalho: filhos, casa e carreira. Isso abalou os relacionamentos.

Essas mudanças se refletem nos números. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) só aborda o estado civil nos censos, e o último deles foi feito em 2000, mas há outros estudos sobre o assunto. Há dez anos, havia 4 milhões de domicílios ocupados somente por uma pessoa. Sete anos depois, já eram 6,3 milhões. O número de divórcios também aumentou. Agora, há um divórcio em cada quatro casamentos. Pesquisas de 2008 mostram que, em 70% dos casos, quem pediu a separação foi a mulher.

Fonte: Gazeta do Povo, dia 12 de junho de 2010

Link:http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1013252&tit=Sozinhas-e-sem-medo-do-Dia-dos-Namorados  

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