quarta-feira, 24 de março de 2010

Aids não vê gênero, nem idade

Todo mundo já sabe sobre a necessidade do uso de preservativos para evitar uma gama de doenças sexualmente transmissíveis, principalmente a Aids. Entretanto, dados do Ministério da Saúde mostram que alguma coisa está errada. Nos últimos 10 anos, o número de incidência de casos de infecção pelo vírus HIV entre mulheres com mais de 50 anos, mais que triplicou. Saltou de 454 portadoras em cada 100 mil pessoas, em 1996, para 1.800 infectadas, em 2006.

Em pesquisa do Ministério da Saúde, sobre o comportamento sexual das mulheres, revela que mais de 55% das brasileiras acima dos 50 anos tem vida sexual ativa, mas 72% delas não usam nenhum tipo de preservativo. Há a falsa percepção de que elas e os seus parceiros sejam imunes ao vírus. “É uma atitude que pode vir com a história de vida dessas mulheres. Quando elas começaram a ter relações sexuais, o perigo da Aids ainda não existia, por isso, há uma certa resistência em usar o preservativo. Elas podem achar que isso é coisa só pra jovem, adolescente. O que é um erro gravíssimo”, afirma Ângela Carvalho, médica, ginecologista geriátrica e sexóloga.

Um mito, derrubado pela pesquisa, é o que diz que mulheres mais velhas já não têm vida sexual, dentro ou fora do relacionamento . Segundo a sexóloga, vários fatores contribuíram para que esse quadro se revertesse no decorrer da história. Como a mudança para uma cultura mais liberal e a produção de remédios que auxiliam tanto as mulheres quanto os homens a ter o interesse e a capacidade sexual renovados. “O problema é que essas mudanças não vieram acompanhadas da conscientização de que agora é necessário tomar cuidado e se prevenir”, explica, referindo-se às pessoas mais velhas.

Um terceiro ponto que pode ter influência nesse cenário também está relacionado com a bagagem cultural que a mulher tem dentro de si. Elas que cresceram em uma sociedade marcada pelo machismo, e, por isso, têm dificuldade em exigir o uso do preservativo, mesmo em relações ocasionais. Dessa forma, a decisão de usar ou não a camisinha acaba sempre nas mãos do homem e devemos lembrar que mulheres com 50 anos ou mais geralmente se relacionam com homens mais velhos e estes apesar de muitas vezes lançarem mão de medicamentos estimulantes da ereção, possuem certo temor de perdê-la, especialmente no momento exato de pararem com as carícias e colocarem o preservativo, esta insegurança faz com que evitem o uso.

Outro aspecto importante é que após a menopausa há diminuição da lubrificação e da elasticidade vaginal, por conta disso, o uso do preservativo poderá ocasionar ardência vulvovaginal durante e após o ato sexual.

Todos os fatores mencionados acima poderão ser facilmente corrigidos, através de orientação adequada, medicamentos e muito diálogo entre a comunidade e os profissionais de saúde. Basta que tenhamos a percepção que sexo e amor não têm idade.

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